sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Papo de Quadrinho viu: O Lobisomem

Para manter a tradição de respeito ao leitor, essa nota não contém spoilers.

Por Társis Salvatore

A convite da Paramount Pictures Brasil, Papo de Quadrinho assistiu ao filme em uma sessão exclusiva para jornalistas.


A licantropia fascina gerações. Da Grécia antiga até os sertões do Brasil, há histórias narrando a sina de um homem amaldiçoado que, durante as noites de lua cheia, se transforma em um monstro meio homem, meio lobo. Uma criatura selvagem e assassina que só pode ser detida com uma bala de prata no coração. A maldição é clara:

"Até um homem que é puro no coração, e reza suas orações à noite, pode tornar-se um lobo quando o acônito floresce e a lua do outono estiver cheia e brilhante"


Desde que foi anunciada a releitura de O Lobisomem de 1941, grande sucesso dirigido por George Waggner, fãs dos clássicos monstros do cinema ficaram felizes e ao mesmo tempo apreensivos. Será que uma nova roupagem desde filme estaria à altura do original? E mais: seria possível mostrar um autêntico terror, um drama com um personagem clássico, quando o mercado apresenta tantas alternativas criativas para filmes de terror?


A resposta é: sim, valeu a espera.


O Lobisomem do século XXI, não é apenas uma releitura à altura do original, mas também uma prova de que é possível homenagear um clássico e, ao mesmo tempo, recriar com propriedade um dos grandes filmes de terror de todos os tempos.

Há diferenças de roteiro entre as versões de 1941 e 2010. No filme original, a história se passa na era moderna enquanto neste novo, a trama nos leva de volta à Inglaterra vitoriana de 1890, cercada por neblina e iluminada com lâmpadas a gás. É nessa atmosfera mística e pré-industrial, que os assassinatos na cidade interiorana de Blackmoor chamam a atenção por sua fúria e crueldade. A nova versão também aprofunda a trama e está repleta de citações e homenagens que os fãs mais fanáticos perceberão.


A trama apresenta Lawrence Talbot, um respeitado ator de teatro que ao chegar a Londres recebe uma carta de sua futura cunhada, alertando que seu irmão está desaparecido. Ao retornar para a mansão da família, que ele deixou ainda na infância, Talbot ouve dos aldeões histórias sobre uma maldição que transforma homens em lobos durante a lua cheia. Decidido a encontrar a mítica criatura, Talbot sai à sua procura e descobre o terror vagando pelas florestas de Blackmoor.


O Lobisomem apresenta um visual impecável e a direção segura do quase desconhecido Joe Johnston (que fez filmes como Jumanji e Querida, Encolhi As Crianças). Johnston acertou em cheio ao focar o filme no drama, na história em si, e não simplesmente ancorar a ação nos efeitos especiais. Não que estes sejam ruins, ao contrário, mas eles funcionam na medida certa; as cenas violentas tem um apelo sangrento, viceral. Isso, sob o fundo de uma estética vitoriana e cinza.


Além do visual caprichado, o filme tem o mérito de acertar no elenco, começando pelo excepcional Benício Del Toro - que interpreta Lawrence Talbot, o personagem que consagrou o ator Lon Chaney Jr. em 1941. Del Toro mostra um drama real e angustiante de um homem amaldiçoado e disposto a por um fim no terror.


Anthony Hopkins, (que fará o papel de Odin, no filme do Thor) faz o papel de Sir John Talbot e, ao contrário do filme original, seu papel tem importância crucial para o desfecho da trama.


A bela Emily Blunt, vive a tragicamente apaixonada Gwen Conliffe, uma mulher que vê sua vida desmoronar ao perder o noivo. Ao procurar forças para lutar contra a fatalidade dos acontecimentos, ela se tornará a única força capaz de confrontar os Talbot e os libertar de sua maldição.


O inspetor Albertine da Scotland Yard, que caça o monstro, é interpretado pelo polivalente Hugo Weaving. Este foi, de fato, um personagem real, o mesmo que tentou desvendar os assassinatos de Jack, o Estripador.


A força dramática da história, a beleza visual do filme, o terror e a matança explícita que o Lobisomem promove deixam o público imerso em uma história de terror diferente daquelas que as platéias experimentam nos dias de hoje. E no instante em que criaturas míticas como Vampiros, Múmias e outros são embalados em uma roupagem teen com histórias rasas e sem força, fica a boa impressão que O Lobisomem trouxe novamente os monstros para assustar as pessoas e recuperar sua essência dramática.


Para quem curtiu os filmes de terror do passado, ou é fã dos monstros da Universal, fica a boa impressão de que os monstros clássicos podem voltar em grande estilo.


Serviço:
(The Wolfman) EUA, 2008.
Direção: Joe Johnston.
Elenco: Anthony Hopkins, Benicio Del Toro, Emily Blunt, Hugo Weaving.

Duração: 102 min

Um comentário:

Tyr Quentalë disse...

Vi o filme ontem, e não me arrependo do que vi. O Clássico reaqueado, ficou extremamente sedutor, prendendo a atenção do início ao fim. Vale à pena assistir em um cinema.