sexta-feira, 12 de março de 2010

Morre o cartunista Glauco - Repercussão

Caricatura de Toni D'Agostinho:


Cartum de Társis Salvatore:

Caricatura de Bira Dantas:

Nota oficial da Associação dos Cartunistas do Brasil:

Todos estamos pasmos com o nível de violência com mais uma notícia sobre a morte de pai e filho por assaltantes em São Paulo. Desta vez foi nosso amigo Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni. Dois grandes desenhistas que escolheram o humor gráfico para pensar o ser humano. Glauco, companheiro de sempre de Laerte, Angelí, Toninho Mendes e Adão Iturusgarai nos quadrinhos, publicava na Folha de São Paulo desde 1977. Seus personagens satirizavam as relações de uma geração perdida entre as questões comportamentais e instintivas do ser humano. Usava o humor como arma de anteparo à violência. Foi uma das "crias" de Henfil. Podemos ver em seus traços e personagens a marca do questionamento herdada de seu mestre. Seu filho Raoni também escolheu ser cartunista e trabalhava com o pai.A notícia de uma execução sumária em um assalto, como muitos que acontecem nas grandes cidades, é quase que sem nexo diante de alguém que justamente lutava contra isso.Fica a lembrança, para todos nós cartunistas, de um amigo que fez de sua vida uma história de sucesso no humor gráfico do país. E o compromisso de continuarmos na batalha de enfrentarmos a violência de nossos dias com o que melhor sabemos fazer- o humor.

Salve Glauco. Salve Raoni.

Associação dos Cartunistas do Brasil - ACB

Nota oficial do Salão Internacional de Humor de Piracicaba:

A violência em São Paulo, mais uma vez, mata e empobrece a cultura brasileira. Aos 53 anos, no auge de sua produção artística, morre assassinado por assaltantes em sua casa o cartunista paranaense Glauco Villas-Boas, radicado em Osasco. Glauco, como era conhecido, foi descoberto pelo jornalista José Hamilton Ribeiro, então diretor do “Diário da Manhã”, em Ribeirão Preto, interior paulista. Lá começou a publicar suas tiras cômicas. Mas, foi na 4ª edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em 1977, ao conquistar um dos prêmios, que Glauco foi projetado no cenário artístico brasileiro e internacional. Com seu imenso talento, criatividade, estilo único e, em especial, humor inteligente baseado no comportamento da nossa sociedade, que Glauco saltou, ainda no mesmo ano, para as páginas da “Folha de S. Paulo”. Em 1984, a mesma “Folha” abriu espaço diário para a nova geração de cartunistas brasileiros. Glauco estava entre eles e, assim, ficou conhecido em todo o País. Surgiram seus principais personagens: Geraldão, Zé do Apocalipse, Dona Marta, Doy Jorge, Casal Neuras, Geraldinho e outros. Multimídia, Glauco também era músico e se apresentava em bandas de rock. Integrou a equipe de redatores do “TV Pirata” e do “TV Colosso”, programas apresentados pela TV Globo. Publicou livros de humor. Em plena Era Digital Glauco continuava fiel à prancheta, desenhando à mão com nanquim. Usava o computador apenas para colorir os trabalhos, depois de escanear cada um deles. Glauco registrou, a cada momento, as transformações pelas quais passou o mundo, o Brasil. Era um profundo conhecedor e critico da alma humana, mas sempre de maneira bem humorada, provocando reflexões. O Brasil e o mundo perdem um de seus maiores cartunistas. Restam, diante de mais esta tragédia, as perguntas: Senhores governantes, até quando? Quantas vidas ainda faltam para que seja colocado um basta na violência?

RICARDO VIVEIROS
Presidente do Conselho Consultivodo Salão Internacional de Piracicaba
ZÉLIO ALVES PINTO
Vice-presidente do Conselho Consultivodo Salão Internacional de Piracicaba

Nota de Mauricio de Sousa:

Como eu disse no primeiro momento, no Twitter, o fato é tão chocante que nossa reação não pode ser medida em palavras, mas em um sentimento de dor, luto e desesperança. Apesar disso, nós sairemos do choque. E vamos encontrar caminhos, mesmo que sejam longos, demorados, para contermos essa onda de irracionalidade e desumanidade. Famílias bem formadas, educação, fé em Deus, justiça social serão alguns dos pontos por onde passará o caminho do respeito à vida. Vamos lutar para isso. Como tributo ao Glauco e ao Raoni.


Mauricio de Sousa

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