quarta-feira, 2 de junho de 2010

Príncipe da Pérsia: HQ amplia experiência do jogo

É difícil imaginar alguém com mais de 30 anos que não tenha jogado, ou pelo menos ouvido falar, de Príncipe da Pérsia (desde que a pessoa seja minimamente atraída por videogames, claro).

Se o leitor não teve a mesma sorte que eu de jogar a versão original num arcaico PC, no mínimo conhece a trilogia The Sands of Time.

Desde que foi criado Jordan Mechner em 1989, o príncipe percorreu um longo caminho até chegar ao ápice, este ano, com o lançamento de um longa metragem para o cinema (o filme estreia no Brasil nesta sexta-feira, dia 3).

Entre um polo e outro, entre o jogo do Apple II e o filme estrelado por Jake Gyllenhaal, muita coisa aconteceu. O próprio Jordan Mechner admite não ter reconhecido sua própria criação muitas vezes, especialmente durante o boom dos anos 90 que levou o príncipe a diversas plataformas, cada qual com sua mitologia própria.

É neste vão das possibilidades que a graphic novel Príncipe da Pérsia (208 páginas, R$ 39,90), lançada pela Galera, selo do Grupo Editorial Record, se insere e dele tira proveito.

Mechner, que participou do projeto da HQ, desejava um príncipe que fosse um pouco aquele estilo Aladim do primeiro jogo, mas também o jovem perseguido pela culpa de Sands of Time da versão de 2003 e, por que não, o fugitivo endurecido de Warrior Within, a sequência de Sands.

Ou então, quem sabe, nenhum desses. Na verdade, o que Mechner desejava era um roteiro que se conectasse com o jogo num nível mais profundo, mas não evidente.

E é isso que o roteiro de A.B. Sina realiza com maestria. Príncipe da Pérsia, a HQ, traça o paralelo de dois homens, dois príncipes destinados a liderar seu povo rumo à liberdade.

Quatro séculos separam Guiv – que após atentar contra seu irmão adotivo Layth, sobernado de Marv, tem uma experiência sobrenatural e se exila – do humilde Ferdos – último de uma linhagem de guardiões das águas e único sobrevivente da chacina de recém-nascidos promovida pelo sultão de Marv para tentar evitar uma profecia feita por Guiv.

E, assim, passado e presente se cruzam, se mesclam e vão tecendo a narrativa como se fosse um tapete persa. A belíssima arte estilizada do casal LeUyen Pham e Alex Puvilland, e as cores sóbrias de Hilary Sycamore garantem o ritmo e a beleza dessa fábula.

A edição brasileira faz bonito: a Record caprichou na produção do material com formato bacana (14 x 20 cm), impressão e papel de qualidade. A tradução de Odair Braz Jr. é precisa e ajuda o leitor a não se perder entre tantas referências, idas e vindas.

Jogue o jogo, assista ao filme, leia a graphic novel. Parece jogada de marketing, mas não é; é uma maneira de ampliar sua experiência com uma das referências mais pops dos últimos 20 anos.

E se o leitor chegou até aqui, fica sabendo que na próxima semana Papo de Quadrinho e Galera Record vão premiar duas pessoas com uma edição cada da graphic novel Príncipe da Pérsia. Fique ligado aqui no blog e no twitter (@papodequadrinho) para saber mais sobre esta promoção.

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