Batalhador incansável, o paraibano Emir Ribeiro é ele próprio um super-herói nacional. Contra todas as evidências, vem publicando sua heroína Velta há 35 anos e tornou-se um dos nomes mais respeitados no circuito de quadrinhos brasileiros. É criador de diversos outros personagens, como Itabira, Homem de Preto, Nova, Cangaceiro e muitos outros.
Emir está lançando este mês pela editora Júpiter II o antológico encontro entre Velta e Raio Negro, herói do saudoso Gedeone Malagola. Entre um trabalho e outro, o quadrinhista arrumou tempo para responder 5 perguntas para o Papo de Quadrinho. Vamos a elas...
1) O que faria as grandes editoras brasileiras se interessar por publicar regularmente uma HQ com super-heróis nacionais?
Talvez numa única e até improvável hipótese: se o herói brasileiro fosse publicado por uma editora dos Estados Unidos e fizesse sucesso por lá. Portanto, a chance de isso acontecer é milimetricamente próxima de zero, pois o mercado estadunidenese é quase completamente fechado às criações estrangeiras (ainda mais, sendo latinas).
2) Como era sua relação com Gedeone Malagola e quando surgiu a idéia do encontro entre Velta e Raio Negro?
Comecei a me corresponder com Gedeone por volta de 1979 e 1980, até que um dia ele veio me visitar, e aí, pessoalmente, trocamos ainda mais idéias. O encontro entre nossos personagens foi uma delas. Outra foi de eu tentar fazer uma releitura das antigas histórias do Raio Negro. Após sua visita, continuamos nos correspondendo, ou às vezes, telefonando um para o outro.
Devido às contingências das ocasiões, o projeto Velta & Raio Negro foi sendo adiado por anos e anos. Fizemos uma tentativa em 2002, pensando que continuariam aqueles formatinhos coloridos nacionais da Editora Escala. Dois amigos - Felipe Meyer e Erick Lustosa - escreveram um roteiro, mas, por motivos diversos o projeto não seguiu adiante.
Foi quando em 2007, decidi: ou iria naquele ano, ou não iria mais nunca. Escrevi a Gedeone e lhe garanti que agora Velta e Raio Negro se encontrariam, de qualquer maneira. Foi quando ele, muito bem humorado, e achando que poderia haver um confronto entre os pesonagens, disse: "Se houver briga, não faça o Raio Negro apanhar muito da Velta."
Em seguida, ouvi boatos de que havia gente interessada em torpedear o projeto, e por precaução, pedi a Gedeone para me redigir uma autorização. Foi a última carta recebida dele, de maio de 2008. No final de agosto e início de setembro, comecei a desenhar, mas aí, o mestre veio a falecer no dia 15 daquele mês.
Contei toda essa história (com imagens de algumas cartas do Gedeone) na própria edição. Quem comprar, vai saber disso e mais detalhes.
3) Tenho a impressão de que o Brasil é rico em desenhistas mas carente de roteiristas para quadrinhos? A que você atribui isso?
Certamente, há mais desenhistas do que roteiristas, e confesso não ter idéia e nem conjectura sobre a causa dessa desigualdade. É certo que faltam três coisas principais na maior parte dos roteiros brasileiros: pesquisa, ousadia, e fuga dos clichês. São raros os que conseguem preencher esses três requisitos.
4) Qual sua visão sobre as webcomics? São um caminho para a HQB ou nunca vão substituir o prazer de se folhear uma revista?
Não sei quanto às outras pessoas, mas eu não gosto de ler quadrinhos na internet. A posição é desconfortável. Muito tempo diante da tela irrita os olhos (por isso, nem passo muito tempo defronte um monitor de computador). E ainda se corre o risco de uma queda de energia para atrapalhar a leitura. Nada substitui a velha e boa revista impressa, que pode ser lida até ao ar livre, embaixo de uma árvore, deitado numa rede.
5) O que podemos esperar para os próximos 35 anos da Velta?
Para começar, muitas mudanças. E esse indicativo de novos rumos já ficou patente na própria edição dos 35 Anos de Velta, quando tradicionais elementos das histórias de Velta já sofreram modificações. Na conturbada história "O dia da independência", por exemplo, já são ventiladas alterações no futuro da loura.
Abaixo, a homenagem de Emir a Eugenio Colonnese, criador da vampira Mirza e falecido em agosto passado.
Emir está lançando este mês pela editora Júpiter II o antológico encontro entre Velta e Raio Negro, herói do saudoso Gedeone Malagola. Entre um trabalho e outro, o quadrinhista arrumou tempo para responder 5 perguntas para o Papo de Quadrinho. Vamos a elas...
1) O que faria as grandes editoras brasileiras se interessar por publicar regularmente uma HQ com super-heróis nacionais?
Talvez numa única e até improvável hipótese: se o herói brasileiro fosse publicado por uma editora dos Estados Unidos e fizesse sucesso por lá. Portanto, a chance de isso acontecer é milimetricamente próxima de zero, pois o mercado estadunidenese é quase completamente fechado às criações estrangeiras (ainda mais, sendo latinas).
2) Como era sua relação com Gedeone Malagola e quando surgiu a idéia do encontro entre Velta e Raio Negro?
Comecei a me corresponder com Gedeone por volta de 1979 e 1980, até que um dia ele veio me visitar, e aí, pessoalmente, trocamos ainda mais idéias. O encontro entre nossos personagens foi uma delas. Outra foi de eu tentar fazer uma releitura das antigas histórias do Raio Negro. Após sua visita, continuamos nos correspondendo, ou às vezes, telefonando um para o outro.
Devido às contingências das ocasiões, o projeto Velta & Raio Negro foi sendo adiado por anos e anos. Fizemos uma tentativa em 2002, pensando que continuariam aqueles formatinhos coloridos nacionais da Editora Escala. Dois amigos - Felipe Meyer e Erick Lustosa - escreveram um roteiro, mas, por motivos diversos o projeto não seguiu adiante.
Foi quando em 2007, decidi: ou iria naquele ano, ou não iria mais nunca. Escrevi a Gedeone e lhe garanti que agora Velta e Raio Negro se encontrariam, de qualquer maneira. Foi quando ele, muito bem humorado, e achando que poderia haver um confronto entre os pesonagens, disse: "Se houver briga, não faça o Raio Negro apanhar muito da Velta."
Em seguida, ouvi boatos de que havia gente interessada em torpedear o projeto, e por precaução, pedi a Gedeone para me redigir uma autorização. Foi a última carta recebida dele, de maio de 2008. No final de agosto e início de setembro, comecei a desenhar, mas aí, o mestre veio a falecer no dia 15 daquele mês.
Contei toda essa história (com imagens de algumas cartas do Gedeone) na própria edição. Quem comprar, vai saber disso e mais detalhes.
3) Tenho a impressão de que o Brasil é rico em desenhistas mas carente de roteiristas para quadrinhos? A que você atribui isso?
Certamente, há mais desenhistas do que roteiristas, e confesso não ter idéia e nem conjectura sobre a causa dessa desigualdade. É certo que faltam três coisas principais na maior parte dos roteiros brasileiros: pesquisa, ousadia, e fuga dos clichês. São raros os que conseguem preencher esses três requisitos.
4) Qual sua visão sobre as webcomics? São um caminho para a HQB ou nunca vão substituir o prazer de se folhear uma revista?
Não sei quanto às outras pessoas, mas eu não gosto de ler quadrinhos na internet. A posição é desconfortável. Muito tempo diante da tela irrita os olhos (por isso, nem passo muito tempo defronte um monitor de computador). E ainda se corre o risco de uma queda de energia para atrapalhar a leitura. Nada substitui a velha e boa revista impressa, que pode ser lida até ao ar livre, embaixo de uma árvore, deitado numa rede.
5) O que podemos esperar para os próximos 35 anos da Velta?
Para começar, muitas mudanças. E esse indicativo de novos rumos já ficou patente na própria edição dos 35 Anos de Velta, quando tradicionais elementos das histórias de Velta já sofreram modificações. Na conturbada história "O dia da independência", por exemplo, já são ventiladas alterações no futuro da loura.
Abaixo, a homenagem de Emir a Eugenio Colonnese, criador da vampira Mirza e falecido em agosto passado.
Site oficial: http://www.emirribeiro.com.br/
Um comentário:
emir, como explica o fato do rafael grampa ter publicado la fora e agora ter publicado aqui?
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