Uma das mais polêmicas e sangrentas passagens da história brasileira, a Revolta de Canudos acaba de ganhar uma adaptação pela editora Escola Educacional.
A insurreição (1896-1897) contra a recente República do Brasil teve como palco a pequena comunidade de Canudos, no interior da Bahia, e, como personagem principal, o líder religioso Antônio Conselheiro. A partir da cobertura jornalística deste conflito, o então repórter Euclides da Cunha escreveu a obra “Os Sertões”.
O roteiro de A Revolta de Canudos é de André Diniz e a arte de José Aguiar, que concedeu a seguinte entrevista para o Papo de Quadrinho:
Como foi a fase de preparação para a HQ? Você precisou ler (ou já havia lido) obras a respeito ou se baseou apenas nos roteiros?
Como o processo foi muito rápido, infelizmente não tive tempo de ler muita coisa para a minha pesquisa. Assisti ao filme que a Globo produziu anos atrás (do qual não gostei) e pesquisei tudo o que pude encontrar na internet. André me enviou as referências que possuía e corri atrás de iconografia por conta própria. Se o projeto tivesse um prazo mais ideal eu teria pesquisado também “Os Sertões” e mais sobre hábitos e vestuário da época para criar ilustrações com apuro maior. Mas, especificamente sobre Canudos, restaram poucas imagens, a maior parte de qualidade ruim. O governo da época fez questão de apagar Canudos da existência.
2) Quanto tempo levou entre pesquisa, desenvolvimento dos personagens e ambientes, esboços, aprovação, finalização e colorização?
Como disse, o prazo foi apertadíssimo. Foram menos de dois meses com o meu envolvimento no projeto. Praticamente recebi o roteiro e segui desenhando para poder cumprir o prazo. Foram cerca de 40 dias para criar as 46 páginas coloridas, a partir do texto de André Diniz. O restante do tempo foi buscando as imagens que me serviram de referência. Em compensação o álbum ficou cerca de um ano esperando para sair após a entrega das minhas artes.
3) Este episódio da história brasileira é de grande complexidade e dramaticidade. Quais foram suas maiores dificuldades para narrar esta história na arte seqüencial?
Exatamente a complexidade e dramaticidade que você cita. A história é muito épica. Envolve legiões de soldados e uma população complexa e rica em diversidade. Só o beato Antonio Conselheiro merecia um álbum inteiro sobre sua vida. Mas a limitação de páginas não abria margem para explorar todo esse potencial, nem para que o texto de André aprofundasse os personagens. Ele resumiu toda a efervescência da história de Conselheiro e seus seguidores de maneira a deixar bem clara a luta e o massacre vivido por aquele povo, mas sem que ninguém sobressaísse. A limitação do espaço, aliada à vocação didática da coleção, pediu essa solução para a história.
Sobre minhas ilustrações, claro que eu gostaria de ter mais tempo para realizá-las, mas o prazo curto me fez arriscar soluções diferentes para a arte, colorida sobre o lápis, sem arte-final. Creio que dessa adversidade surgiram alguns belos momentos. Eu fiquei com vontade de conhecer a região e de, quem sabe, revisitar Canudos em outros quadrinhos. Há muitas histórias e pontos de vistas sobre esse episódio de nossa história que merecem ser contados.
A insurreição (1896-1897) contra a recente República do Brasil teve como palco a pequena comunidade de Canudos, no interior da Bahia, e, como personagem principal, o líder religioso Antônio Conselheiro. A partir da cobertura jornalística deste conflito, o então repórter Euclides da Cunha escreveu a obra “Os Sertões”.
O roteiro de A Revolta de Canudos é de André Diniz e a arte de José Aguiar, que concedeu a seguinte entrevista para o Papo de Quadrinho:
Como foi a fase de preparação para a HQ? Você precisou ler (ou já havia lido) obras a respeito ou se baseou apenas nos roteiros?
Como o processo foi muito rápido, infelizmente não tive tempo de ler muita coisa para a minha pesquisa. Assisti ao filme que a Globo produziu anos atrás (do qual não gostei) e pesquisei tudo o que pude encontrar na internet. André me enviou as referências que possuía e corri atrás de iconografia por conta própria. Se o projeto tivesse um prazo mais ideal eu teria pesquisado também “Os Sertões” e mais sobre hábitos e vestuário da época para criar ilustrações com apuro maior. Mas, especificamente sobre Canudos, restaram poucas imagens, a maior parte de qualidade ruim. O governo da época fez questão de apagar Canudos da existência.
2) Quanto tempo levou entre pesquisa, desenvolvimento dos personagens e ambientes, esboços, aprovação, finalização e colorização?
Como disse, o prazo foi apertadíssimo. Foram menos de dois meses com o meu envolvimento no projeto. Praticamente recebi o roteiro e segui desenhando para poder cumprir o prazo. Foram cerca de 40 dias para criar as 46 páginas coloridas, a partir do texto de André Diniz. O restante do tempo foi buscando as imagens que me serviram de referência. Em compensação o álbum ficou cerca de um ano esperando para sair após a entrega das minhas artes.
3) Este episódio da história brasileira é de grande complexidade e dramaticidade. Quais foram suas maiores dificuldades para narrar esta história na arte seqüencial?
Exatamente a complexidade e dramaticidade que você cita. A história é muito épica. Envolve legiões de soldados e uma população complexa e rica em diversidade. Só o beato Antonio Conselheiro merecia um álbum inteiro sobre sua vida. Mas a limitação de páginas não abria margem para explorar todo esse potencial, nem para que o texto de André aprofundasse os personagens. Ele resumiu toda a efervescência da história de Conselheiro e seus seguidores de maneira a deixar bem clara a luta e o massacre vivido por aquele povo, mas sem que ninguém sobressaísse. A limitação do espaço, aliada à vocação didática da coleção, pediu essa solução para a história.
Sobre minhas ilustrações, claro que eu gostaria de ter mais tempo para realizá-las, mas o prazo curto me fez arriscar soluções diferentes para a arte, colorida sobre o lápis, sem arte-final. Creio que dessa adversidade surgiram alguns belos momentos. Eu fiquei com vontade de conhecer a região e de, quem sabe, revisitar Canudos em outros quadrinhos. Há muitas histórias e pontos de vistas sobre esse episódio de nossa história que merecem ser contados.
Mais informações: http://joseaguiar.com.br/blog/
SERVIÇO:
A Revolta de Canudos
André Diniz (roteiro) e José Aguiar (arte)
48 páginas coloridas
Formato: 20 x 18 cm, lombada quadrada
ISBN: 978-85-377-0750-0
Preço sugerido: R$ 22,90
Um comentário:
Tudo bem, mas.. custava pelo menos ler a porra do Livro? o_0
Vou comprar essa beleza assim que puder.
Abs!
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