quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

DataTársis informa: A série que mudará para sempre o universo dos super-heróis nesta última semana

Por Társis Salvatore

Uma das formas que as principais editoras criaram para fidelizar os leitores foram as séries ou arcos das histórias, em que uma aventura de seu herói favorito começa, se desenrola por cinco ou seis edições e termina iniciando uma nova história. É a garantia de que o leitor comprará as novas edições da revista para saber o destino de seus heróis.


Infelizmente, esse conceito foi levados às raias do exagero e transformado em “maxisséries” que envolvem a grande maioria dos principais heróis de uma editora, transbordando em todas as demais revistas e fazendo com que um mesmo tema passe a ser visto em praticamente todos os títulos dessa editora.

Some isso à necessidade do mercado brasileiro em fazer “mixes”, ou seja, publicar duas ou mais histórias por revista, e você terá uma confusão dos diabos, já que existe hoje no mercado uma maxissérie após a outra, sem descanso.

No Brasil, temos os recentes exemplos de Guerra Civil da Marvel e Crise Final da DC Comics, séries que possuem revistas próprias, porém envolvem diversos títulos. Essas séries prometem “mudar para sempre, o universo dos super-heróis” mas, na prática, muitas das mudanças sobrevivem apenas até a chegada a próxima saga – que, aliás, costuma acontecer imediatamente ao final da última. Antes de mais nada, não estou pondo em xeque a qualidade destes gibis, seja no que se refere à arte ou trama.

Mas em vez de as editoras primarem principalmente pela qualidade dos artistas e das histórias, tentam muitas vezes segurar a atenção do leitor com constantes mudanças de equipes e heróis, obrigando-o a comprar uma quantidade absurda de gibis para ficar por dentro dessas mudanças. Como se não bastasse, o “pra sempre” nos gibis sempre acaba. O herói de hoje se torna o vilão de amanhã. O herói morto hoje renasce, o renacido ontem se torna vilão e morre, e assim caminha o universo heróico.

Sim, todas essas mudanças sempre fizeram parte do universo dos quadrinhos de super-heróis, tudo bem. Mas nunca foi tão difícil (e caro) acompanhá-las. Baseado nessas dificuldades, adianta culpar os scans? Seriam eles a doença ou o sintoma de um mercado nacional que não parece coerente com seus leitores?

De uns tempos para cá, cansa ver as editoras emendando uma série atrás da outra. Além de ser desgastante, é confuso. Além de confuso, é caro, é inevitável o custo por trás desse marketing maquiavélico, sem contar o crescente e tentador número de encadernados, que são arcos de histórias completas, fechadas em um único volume, com começo, meio e fim. Para que comprar avulso se virão os encadernados?

Várias perguntas surgem. Como cativar novos leitores com tanta incoerência, com tantos lançamentos imperdíveis e alterações cronológicas simultâneas e efêmeras?

Como tenho mais perguntas que respostas, deixo uma dúvida no ar: até quando durará a paciência do leitor ou a verba de que ele dispõe para (tentar) colecionar as séries? Estaria decretado (de verdade) o fim dos super-heróis?

É um mistério.

Nota do Editor: Agradecimento ao amigo Ricardo Quartim, que cedeu a imagem da sua coleção para ilustrar esta matéria.

5 comentários:

Ricardo Quartim disse...

Puxa! Que honra um pedacinho da minha biblioteca no seu blog amigão!
Além do que , sempre é uma grande satisfação colaborar com o amigo, mesmo que de forma indireta!
De forma indireta também ,pela segunda vêz faço parceria com o Tarsis, a primeira na matéria do Conan da "Mundo"!
Parabéns pela matéria, concordo com tudo o que disse e penso exatamente da mesma forma!

Anônimo disse...

Sempre achei interessante este envolvimento de um herói em outra revista e a formação destas séries interconexas.

Na minha infância, não tinha dinheiro para comprar tantos gibis, hoje que talvez tenha, não tenho mais tanto tesão (e tempo) para deverá-los. Entretanto, com o tempo vem as idéias.

Porque um grupo de amigos não cria uma espécie de Biblioteca pública de gibis. Pagam uma mensalidade, compram todos os gibis que tem interesse e passam a associar outras pessoas, que podem ler os gibis naquele espaço físico, sem levar para casa (ou mesmo levando, se a organização e confiança entre os parceiros for suficiente?)

Desta forma, resolver-se ia o problema da leitura da série completa, só não o do colecionador, que sempre insistirá em POSSUIR todos os gibis em que seu herói favorito se encontra...

Anônimo disse...

Reinehr, blz?

A idéia é muito boa. De certa forma, nós que somos leitores mais velhos, já fazemos isso.

Pelo menos há essa camaradagem entre o staff da revista Mundo dos Super-Heróis

O problema é que os mais novos talvez não tenham esse desapego. Além disso, há o fato dos gibis serem ítens colecionáveis, por isso muita gente faz questão de ter todas as histórias que puder. Isso é uma das provas de que os famigerados "scans", ou "gibis virtuais", não são considerados pela maioria como colecionáveis.

Bom, isso é assunto para um outro post polêmico mais pra frente ;)

Abs!

Unknown disse...

Muito bom todo o raciocinio.
É por isso que acho o mercado japonês dos mangás muito evoluido se comparado com o ocidental, pois suas histórias tem começo, meio e fim. Os seus herois morrem, alguns renascem, a história pode ser estendida por algumas sagas, ou pelos filhos dos heróis, mas tem um final, não "sugam" o personagem ao extremo por 30..40 anos. A parte em que escreve: " O herói de hoje se torna o vilão de amanhã. O herói morto hoje renasce, o renacido ontem se torna vilão e morre, e assim caminha o universo heróico" resume isso, quando as vendas caem, matam o herói buscando os leitores para acompanhar aquele momento, 6 meses depois o herói volta e tudo se normaliza. Opinião minha, realmente seria algo impossivel de se imaginar, acabar o Batman por exemplo, por tudo o que representa, mas independente de toda a criatividade tem horas que penso... ainda tem o que inventar para o Bruce Wayne? Ele é eterno? Estará sempre com trinta e poucos anos por exemplo? Acredito então que não deveria acabar com o personagem, mas não acharia má ideia aposentar a pessoa por traz da mascara, seria interessante como o Fantasma, um legado de familia.

Mas voltando aos custos, no Japão os mangás terminam, mas a sua poderosa industria continua ganhando dinheiro lançando animes, brinquedos, jogos, enfim.. diversos produtos e futuramente edições especiais comemorativas. Tem mangás que foram encerrados há anos, mas continuam ganhando no mercado. A industria americana faz isso também, mas é pessoal mesmo, não concordo da forma que "sugam" o personagem por causa dos milhoes, do medo de encerrar o personagem e não conseguirem outro, enfim.. posso ter fugido um pouco do assunto, mas quando li a materia ja pensei no mercado oriental que não teme isso, que acabam suas historias, criam novos personagens, novas historias a todo o ano e aqui no ocidente o mesmo personagem fica por exemplo com 35 anos de idade por 15 anos ... e finalizando, a duvida quanto ao fim dos super-herois... acredito que deveria sim ter o fim de alguns, gostaria de uma renovação, mas o mercado não arriscaria perder tanto dinheiro ... e sobre colecionar, os custos para o leitor... se fossem séries fechadas com edições x definidas daria sim para bancar, mas esses lançamentos infinitos que mudam a numeração, o título diversas vezes é dificil... fora que para começar a acompanhar uma historia a partir do numero 80 pra quem não conhece é complicado buscar todos os anteriores...

abraços!

Toshio

Anônimo disse...

Toshio, muito boa lembrança. Gosto do modelo japonês dos mangás, lembrando que o japão, mesmo sendo uma pequena ilha, é o segundo maior consumidor de gibis do mundo.

Estou torcendo para que os executivos da editora, percebam que muitos dos velhos moldes do passado estão superados e precisam de um novo rumo para manter os gibis vendendo bem e agradando os velhos compradores e principalmente, atraindo novos leitores.

Abs!