Por Társis Salvatore
O Taikodom pode ser descrito como um jogo massivo, que permite uma multidão de batalhas espaciais simultâneas, mas a verdade é que ele não é apenas isso. É um projeto ousado de ficção científica em que um jogo é o clímax de um universo minuciosamente criado para trazer ao taikonauta uma experiência real, única e complexa de como seria viver em uma utopia espacial.
Tudo começa com o sonho de um fã de ficção científica, Tarqüínio Teles, que antes de transformar o jogo em realidade precisou se aventurar por outra utopia: criar uma empresa brasileira para desenvolver jogos de computador. Embora o mercado mundial de jogos eletrônicos movimente 42 bilhões de dólares anualmente, o Brasil ainda fica muito atrás do restante do mundo, mesmo com exceções.
Dez anos e muitas batalhas reais depois, a Hoplon, empresa de Teles, criou o universo de Taikodom, culminando em um jogo para computadores no qual os participantes vivem uma experiência espacial numa sociedade do futuro e podem montar até setenta variações de personagens e quarenta tipos de naves para disputar uma experiência virtual com ininterrupta ação on-line.
Pode ainda ser melhor? Pode! O jogo é liberado para baixar gratuitamente, tem os menus em português e inglês e quando o taikonauta quiser aperfeiçoar sua experiência de jogo, compra itens e obtém vantagens especiais.
O que é o Taikodom?
Conhecer a história deste universo ficcional não é apenas divertido como o ajudará a curtir mais o jogo. Para isso, o projeto multimídia inclui vídeos, livros e claro, quadrinhos.
A história oficial começa no início do século XXI e se estende por mais de um quarto de milênio, até a segunda metade do século XXIII.
A humanidade perdeu a Terra graças a um fenômeno chamado Restrição, que isolou e dizimou a raça humana ao mesmo tempo. Em 23 de janeiro de 2073, época em que já havia mais de 30 milhões de pessoas vivendo no espaço e na Lua, deu-se a Restrição da Terra.
Uma força misteriosa estabeleceu um campo energético impenetrável em torno do nosso planeta. Naves e objetos materiais ainda podiam deixar a atmosfera, mas nada conseguia voltar e ultrapassar a barreira. A Restrição aplicou o golpe de misericórdia numa civilização global já em franca crise econômica, climática e ambiental.
Dezenas de milhões de terrestres fugiram do holocausto planetário. A vasta maioria desses sobreviventes saiu do planeta, graças aos esforços dos espaciais, nas “naves do desespero”. Os imigrantes que não tiveram condições de bancar suas fugas foram obrigados a concordar com as condições impostas pelos spacers: deixaram o planeta em hibernáculos, casulos que os manteriam em estado de animação suspensa e nos quais permaneceriam até que as comunidades spacers e selenitas tivessem condições de reabsorvê-los, alocando-os num nicho socioeconômico qualquer.
No tempo em que se passa o jogo, no século XXIII, existem dois tipos básicos de humanos espalhados pela periferia galáctica: as estirpes espaciais, descendentes dos antigos pioneiros, residentes nos habitats orbitais e na Lua; e os humanos como nós, nascidos na Terra.
Os pioneiros exploradores se subdividiram em spacers (que vivem em seus habitats artificiais no espaço), belters (que descendem dos primeiros aventureiros espaciais e que ousaram colonizar o cinturão de asteróides e os núcleos cometários do Sistema Solar) e worms (que vivem em cidades fixadas na superfície dos planetas).
Constituídas pelas antigas elites intelectual, científica e gerencial da humanidade terrestre, as estirpes espaciais adotaram desde cedo critérios de promoção social e profissional estritamente meritocráticos e implementaram aperfeiçoamentos notáveis no genoma humano. A maioria das comunidades dessas estirpes aboliu há muito os conceitos de família e nação.
O Consortium, grupo de mega corporações que administra o espaço e toda a vida contida nele, tornou a vida tecnologicamente perfeita. A morte como conhecíamos não existe mais, graças ao desenvolvimento dos Registros Padrão de Personalidade (RPP) em mídia inorgânica. Após sua morte, basta usar o registro gravado e fazer o upload de sua personalidade e memória em cérebros virgens de clones de segurança.
Eis que você é libertado de seu hibernáculo que o mantinha em estado de animação suspensa e agora precisa encarar a uma nova realidade, muito diferente daquela que já existiu.
Projeto Multimídia
Para embasar todo esta incrível história, foram lançados até agora dois belos livros. O primeiro, Derpertar, de J.M. Beraldo, narra a vida de dois “Ressurrectos”, homens que saíram de seus casulos de hibernação e são considerados cidadãos de segunda classe, reeducados para suportar minimamente o choque de viver no espaço com uma humanidade que conquistou as estrelas, extinguiu a miséria e derrotou a morte.
Beraldo é escritor de ficção científica e game designer do próprio Taikodom e consegue narrar com profunda segurança a primeira aventura da série que apresenta os conceitos do jogo em um primoroso romance de ficção científica.
Depois foi a vez de Crônicas, livro de Gerson Lodi-Ribeiro, reunindo diferentes histórias ambientadas nas aventuras dos personagens do Taikodom.
Além desses dois livros excelentes, o projeto incluiu quadrinhos. Está previsto o lançamento da minissérie Eterno Retorno, dividida em cinco episódios, com roteiro de Roctavio de Castro e arte de Eduardo Ferrara.
A HQ introdutória que se passa antes de Eterno Retorno também é ilustrada por Ferrara e pode ser conferida aqui – se tiver dificuldades para ver a HQ, baixe o Adobe Acrobat Reader.
O Taikodom traz todo um universo de possibilidades aos entusiastas da ficção científica, com a vantagem de ser um projeto genuinamente brazuca, desenvolvido com visão e personalidade.
A alta qualidade das histórias, embasamento do jogo, a beleza e ótima jogabilidade do game, o fato de ser um massivo e permitir um grupo praticamente infinito de jogadores simultâneos, todos esses atrativos coroam este projeto extraordinário.
Se você é fã de ficção científica, conheça o Taikodom. Imperdível!
Nenhum comentário:
Postar um comentário