Publicitário, ilustrador e quadrinhista, Pedro de Luna mantém um blog de quadrinhos no site do Jornal do Brasil. Como profissional, já trabalhou para diversos clientes corporativos, realizou exposições e oficinas de quadrinhos, publicou tiras em jornais, teve trabalhos selecionados para salões de humor no País e recebeu prêmios.
Pedro de Luna responde as 5 Perguntas do Papo de Quadrinho desta semana:
1) Como surgiu a idéia de criar o blog para tratar de quadrinhos? Como você busca e seleciona as notícias que vai publicar?
Eu publiquei tiras do personagem Bzão por 2 anos no Caderno B do Jornal do Brasil. Nesse meio tempo, senti falta de um espaço no jornal para noticiar o que acontecia no meio e para provocar uma reflexão de artistas, editores, leitores etc. Aí solicitei ao editor que autorizasse a criação de um blog específico no JB Online. No final de 2008, a seção de tiras acabou no jornal impresso, mas o blog permanece até hoje, crescendo cada vez mais. Minhas fontes são variadas: lendo jornais, revistas, navegando pela internet, conversando com amigos. O diferencial do blog Quadrinhos, do JB, é que ele não se propõe a ser o "primeiro a postar" ou "o que tem mais conteúdo", e sim uma coluna de opinião que vai a fundo nos textos, não apenas um reprodutor de press-releases.
2) Que tipo de HQ você costuma acompanhar regularmente?
Minha preferência é e sempre foi pelo quadrinho europeu. Do lado americano, prefiro a HQ underground, discípulos de Crumb, Gilbert Shelton etc. Tenho acompanhado a HQ nacional, que está melhorando bastante, mas como eu prefiro o quadrinho de humor, pouca coisa tem me enchido os olhos. Mesmo nas revistas independentes e nos zines, pouca coisa tem graça. O que não é lógico pra mim, já que o Brasil é conhecido pelo humor, da TV à publicidade, por exemplo.
3) Como você avalia a situação atual dos quadrinhos americanos de super-heróis, com suas megassagas e crises. Você acredita que a crise verdadeira seja de criatividade?
Acredito que existem pessoas supercriativas pelo mundo todo; talvez haja mais falta de oportunidade mesmo. A quantidade de informações é tão grande que às vezes é difícil tomar conhecimento de coisas muito boas que estão à parte da grande indústria cultural. Por outro lado, a internet, a tv a cabo, essa facilidade de acesso à informação está deixando tudo muito parecido porque os artistas buscam referências em outros o tempo todo. Aí você consegue ter um status quo, um padrão comum, porém poucos trabalhos autorais, com personalidade, que não pareçam com alguma coisa que você já leu ou viu antes.
4) E a produção nacional de quadrinhos, você costuma acompanhar? Quais autores você acha que vêm se destacando?
Prefiro não citar um ou outro autor, mas acho que enquanto não se organizar pra reivindicar, a classe vai continuar a margem do mercado. HQ é algo muito diferente por que ao mesmo tempo faz parte e não faz tanto da indústria editorial, literária, industrial e das artes visuais. Ela se encaixa em tudo e ao mesmo tempo não é abraçada por nenhum segmento. Espero que a produção nacional cresça em quantidade, qualidade e, sobretudo, distribuição. As comic shops são fundamentais nesse sentido.
5) Você acaba de defender uma tese de MBA sobre As Tendências do Mercado de HQs no Brasil. Quais são as conclusões da sua pesquisa?
Foram muitas conclusões, Jota. Eu parti de uma possível comparação com o mercado da música. E algumas diferenças apareceram rápido. Os quadrinhistas ainda não usam todos os potenciais da web como os músicos. As bandas dão suas músicas de graça pra ganhar em shows. E os artistas, vão ganhar em quê? Palestras? Workshops? Turnês? Ficou claro também que é necessário o pessoal se engajar nessa luta pela reformulação da lei do direito autoral. Não digo aderir ao Creative Commons, mas acabar com essa história de contratos longos que cedem 100% do direito patrimonial pra empresa ou editora, por exemplo. Em breve colocarei a tese para download e gostaria que as pessoas lessem e refletissem a respeito. Descobri muita coisa importante e tendências para 2009, 2010, 2011...
Para acompanhar o blog de quadrinhos do Pedro de Luna, acesse: www.jblog.com.br/quadrinhos.php.
Pedro de Luna responde as 5 Perguntas do Papo de Quadrinho desta semana:
1) Como surgiu a idéia de criar o blog para tratar de quadrinhos? Como você busca e seleciona as notícias que vai publicar?
Eu publiquei tiras do personagem Bzão por 2 anos no Caderno B do Jornal do Brasil. Nesse meio tempo, senti falta de um espaço no jornal para noticiar o que acontecia no meio e para provocar uma reflexão de artistas, editores, leitores etc. Aí solicitei ao editor que autorizasse a criação de um blog específico no JB Online. No final de 2008, a seção de tiras acabou no jornal impresso, mas o blog permanece até hoje, crescendo cada vez mais. Minhas fontes são variadas: lendo jornais, revistas, navegando pela internet, conversando com amigos. O diferencial do blog Quadrinhos, do JB, é que ele não se propõe a ser o "primeiro a postar" ou "o que tem mais conteúdo", e sim uma coluna de opinião que vai a fundo nos textos, não apenas um reprodutor de press-releases.
2) Que tipo de HQ você costuma acompanhar regularmente?
Minha preferência é e sempre foi pelo quadrinho europeu. Do lado americano, prefiro a HQ underground, discípulos de Crumb, Gilbert Shelton etc. Tenho acompanhado a HQ nacional, que está melhorando bastante, mas como eu prefiro o quadrinho de humor, pouca coisa tem me enchido os olhos. Mesmo nas revistas independentes e nos zines, pouca coisa tem graça. O que não é lógico pra mim, já que o Brasil é conhecido pelo humor, da TV à publicidade, por exemplo.
3) Como você avalia a situação atual dos quadrinhos americanos de super-heróis, com suas megassagas e crises. Você acredita que a crise verdadeira seja de criatividade?
Acredito que existem pessoas supercriativas pelo mundo todo; talvez haja mais falta de oportunidade mesmo. A quantidade de informações é tão grande que às vezes é difícil tomar conhecimento de coisas muito boas que estão à parte da grande indústria cultural. Por outro lado, a internet, a tv a cabo, essa facilidade de acesso à informação está deixando tudo muito parecido porque os artistas buscam referências em outros o tempo todo. Aí você consegue ter um status quo, um padrão comum, porém poucos trabalhos autorais, com personalidade, que não pareçam com alguma coisa que você já leu ou viu antes.
4) E a produção nacional de quadrinhos, você costuma acompanhar? Quais autores você acha que vêm se destacando?
Prefiro não citar um ou outro autor, mas acho que enquanto não se organizar pra reivindicar, a classe vai continuar a margem do mercado. HQ é algo muito diferente por que ao mesmo tempo faz parte e não faz tanto da indústria editorial, literária, industrial e das artes visuais. Ela se encaixa em tudo e ao mesmo tempo não é abraçada por nenhum segmento. Espero que a produção nacional cresça em quantidade, qualidade e, sobretudo, distribuição. As comic shops são fundamentais nesse sentido.
5) Você acaba de defender uma tese de MBA sobre As Tendências do Mercado de HQs no Brasil. Quais são as conclusões da sua pesquisa?
Foram muitas conclusões, Jota. Eu parti de uma possível comparação com o mercado da música. E algumas diferenças apareceram rápido. Os quadrinhistas ainda não usam todos os potenciais da web como os músicos. As bandas dão suas músicas de graça pra ganhar em shows. E os artistas, vão ganhar em quê? Palestras? Workshops? Turnês? Ficou claro também que é necessário o pessoal se engajar nessa luta pela reformulação da lei do direito autoral. Não digo aderir ao Creative Commons, mas acabar com essa história de contratos longos que cedem 100% do direito patrimonial pra empresa ou editora, por exemplo. Em breve colocarei a tese para download e gostaria que as pessoas lessem e refletissem a respeito. Descobri muita coisa importante e tendências para 2009, 2010, 2011...
Para acompanhar o blog de quadrinhos do Pedro de Luna, acesse: www.jblog.com.br/quadrinhos.php.
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