terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Papo de Quadrinho viu: O Besouro Verde

Para manter a tradição de respeito ao leitor, essa nota não contém spoilers.
Por Társis Salvatore

A convite da Sony Pictures, o Papo de Quadrinho assistiu ao filme em 3D, em uma sessão exclusiva para jornalistas.

Antes de começar a exibição, ficou uma dúvida: seria um filme de super-heróis?

Se a resposta for sim, podemos concluir que o projeto deu errado. Se a resposta for não, estamos diante de uma comédia que usa e abusa de clichês de super-heróis e homenageia um dos personagens norte-americanos mais célebres.

O Besouro Verde é um super-herói criado na distante década de 1930 que ficou marcado no imaginário cultural americano sobretudo por sua passagem marcante no seriado live acton exibido no final da década de 1970.

A nova versão do Besouro Verde apresenta Britt Reid (Seth Rogen), um jovem que herda o império milionário de seu pai (Tom Wilkinson). Reid é bon vivant que após a morte do pai decide usar seus recursos e as habilidades especiais e criatividade de seu barista Kato (Jay Chou) para fazer algo útil: confundir os bandidos e acabar com a violência da cidade.

Antes de combater o crime usando sua recém criada máscara verde do Besouro, fica claro que ele é apenas um playboy obtuso e, que graças à nova identidade de herói, se vê envolvido aos poucos em uma trama que vai definir o destino da cidade que pertence ao chefão do crime, o vilão Benjamim Chudnofsky (Christoph Walts).

Embora os nerds mais velhos torçam o nariz, ficou claro que o público-alvo do filme são os adolescentes.

O Besouro Verde é praticamente uma comedia pastelão que se apropria do universo dos super- heróis e seus clichês, para desenvolver um roteiro com todos elementos que agradam este público: muita ação e violência, constantes lutas bacanas, tiroteios homéricos e perseguições ao Beleza Negra - o super carro "tunado" do Besouro que é praticamente um personagem do filme.

Apesar das críticas negativas, revitalizar um personagem da década de 1930 como Gondry fez foi, no final das contas, uma saída honesta, já que mesmo sem estar em evidência por anos, o Besouro faz parte da cultura norte-americana.

A edição dirigida por Gondry, por vezes videoclipada, tirou um pouco aquela visão formatada e convencional de se fazer cenas de pancadarias com super-heróis. Nem sempre isso dá certo, mas valeu o esforço.
Os fãs originais podem reclamar - por vezes com razão - mas quem não levar o filme a sério ou cobrá-lo como um filme de super-herói autêntico, não tem como não curtir essa comédia.

Se você quiser se divertir com boas risadas e doses de ação e violência, não perca o Besouro Verde. Mas leve seu filho ao cinema, pois certamente ele vai curtir muito mais.

Nos Estados Unidos, onde o filme estreou há menos de um mês, já acumula bilheteria de quase US$ 90 milhões, sendo US$ 33 milhões só no fim de semana de abertura. Nada mal para um projeto tão despretensioso malhado pela crítica.

Convertido para 3-D, com direção de Michel Gondry, Besouro Verde estreia no Brasil, em 18 de fevereiro.

Um comentário:

carlosamorimadv disse...

Parabens pelo excelente texto.
De fato, o diretor e a equipe não entenderam o personagem, pois nem como comedia este filme se presta.
Estamos diante de um novo "Batman e Robin".
O filme tem uma trilha-sonora muito boa, o figuroino é impecavel e tem muitas homenagens aos personagens, principalmente com citações tiradas direto da serie dos anos 60.
É uma pena poderia ser uma comedia de ação e não uma comedia pastelão.
Pena o besouro merecia coisa muito melhor.

Carlos Amorim