Quando divulgou o lançamento de Castro, da editora 8Inverso, este editor se comprometeu a retornar ao assunto depois de ler a obra e confirmar, ou não, se ela fazia apologia ao regime autoritário de Cuba.
O autor Reinhard Kleist tenta manter um certo equilíbrio e distanciamento. Não à toa, escolheu a figura fictícia de um repórter fotográfico para fazer o papel de testemunha ocular e narrador dos fatos.
Por meio de entrevistas com os rebeldes, já instalados na Sierra Maestra, Karl Mertens toma conhecimento da infância de Fidel e de como ele passou de filho de filho de latifundiário a líder do bem sucedido levante que culminou na tomada de poder em Cuba.
A Revolução Cubana é mesmo um feito incrível e merece figurar nos livros de História. Sob o governo inconstitucional de Fugêncio Batista, a ilha havia se transformado no bordel dos Estados Unidos e da própria máfia americana às custas do sofrimento de toda a população pobre. Foi um pequeno grupo de rebeldes que transformou a desvantagem em vitória e se propôs a promover o bem estar social.
Por isso mesmo, Castro dedica a maior parte de suas páginas a vida pregressa de Fidel, aos preparativos do levante e aos primeiros anos do novo governo.
Foi a partir do embargo americano a Cuba, acirrado após o assassinato do presidente Kennedy, da tentativa de golpe na Baía dos Porcos e da crise dos mísseis soviéticos que o governo revolucionário alinhou-se à União Soviética e sucumbiu à tentação dos regimes autoritários: o poder corrompe, e poder absoluto corrompe de forma absoluta.
Kleist não ignora este fato e demonstra como os próprios companheiros de Fidel na Sierra Maestra passaram a ser perseguidos, seja por sua orientação sexual seja por suas ideias liberais.
O curioso na narrativa de Kleist é que justamente Karl, um estrangeiro, é um dos poucos de seu grupo que mantém a visão romântica da revolução e se recusa a admitir que seus ideais foram deixados de lado.
As execuções sumárias nos primeiros meses da revolução, a propaganda ideológica, a vida precária a que a população foi submetida, tudo isso é apresentado em Castro, porém sem o mesmo destaque que os atos “heróicos” que os antecederam.
No final, com Fidel já afastado do poder pela doença, Kleist faz uma tentativa de redimir o velho ditador ao lhe atribuir a frase dita por Simon Bolívar e que encerra a obra: “Aquele que serve a uma revolução ara o mar”.
Pessoalmente, prefiro a frase do poeta mexicano Octavio Paz que abre a edição brasileira: “Ao assumir o poder, o revolucionário assume a injustiça do poder”.
A obra é recomendada inclusive para que cada leitor tire suas conclusões. A pesquisa história é muito bem feita e Kleist tem ótimo domínio da narrativa gráfica, além de um traço elegante muito competente em reproduzir as características dos personagens e dos cenários.
Castro é o terceiro título do selo 8Inverso Graphics – os outros dois são Johnny Cash – Uma Biografia e Elvis, todos de Reinhard Kleist -, tem 228 páginas e custa R$ 51.
O autor Reinhard Kleist tenta manter um certo equilíbrio e distanciamento. Não à toa, escolheu a figura fictícia de um repórter fotográfico para fazer o papel de testemunha ocular e narrador dos fatos.
Por meio de entrevistas com os rebeldes, já instalados na Sierra Maestra, Karl Mertens toma conhecimento da infância de Fidel e de como ele passou de filho de filho de latifundiário a líder do bem sucedido levante que culminou na tomada de poder em Cuba.
A Revolução Cubana é mesmo um feito incrível e merece figurar nos livros de História. Sob o governo inconstitucional de Fugêncio Batista, a ilha havia se transformado no bordel dos Estados Unidos e da própria máfia americana às custas do sofrimento de toda a população pobre. Foi um pequeno grupo de rebeldes que transformou a desvantagem em vitória e se propôs a promover o bem estar social.
Por isso mesmo, Castro dedica a maior parte de suas páginas a vida pregressa de Fidel, aos preparativos do levante e aos primeiros anos do novo governo.
Foi a partir do embargo americano a Cuba, acirrado após o assassinato do presidente Kennedy, da tentativa de golpe na Baía dos Porcos e da crise dos mísseis soviéticos que o governo revolucionário alinhou-se à União Soviética e sucumbiu à tentação dos regimes autoritários: o poder corrompe, e poder absoluto corrompe de forma absoluta.
Kleist não ignora este fato e demonstra como os próprios companheiros de Fidel na Sierra Maestra passaram a ser perseguidos, seja por sua orientação sexual seja por suas ideias liberais.
O curioso na narrativa de Kleist é que justamente Karl, um estrangeiro, é um dos poucos de seu grupo que mantém a visão romântica da revolução e se recusa a admitir que seus ideais foram deixados de lado.
As execuções sumárias nos primeiros meses da revolução, a propaganda ideológica, a vida precária a que a população foi submetida, tudo isso é apresentado em Castro, porém sem o mesmo destaque que os atos “heróicos” que os antecederam.
No final, com Fidel já afastado do poder pela doença, Kleist faz uma tentativa de redimir o velho ditador ao lhe atribuir a frase dita por Simon Bolívar e que encerra a obra: “Aquele que serve a uma revolução ara o mar”.
Pessoalmente, prefiro a frase do poeta mexicano Octavio Paz que abre a edição brasileira: “Ao assumir o poder, o revolucionário assume a injustiça do poder”.
A obra é recomendada inclusive para que cada leitor tire suas conclusões. A pesquisa história é muito bem feita e Kleist tem ótimo domínio da narrativa gráfica, além de um traço elegante muito competente em reproduzir as características dos personagens e dos cenários.
Castro é o terceiro título do selo 8Inverso Graphics – os outros dois são Johnny Cash – Uma Biografia e Elvis, todos de Reinhard Kleist -, tem 228 páginas e custa R$ 51.
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