quarta-feira, 4 de março de 2009

DataTársis Informa: "Who watches the Nerds?"



Acredite se quiser: quando eu era adolescente não existia internet. Nem mp3, nem scans e, obviamente, não existiam downloads.

Assistíamos a Esquadrão Classe A dublado e ninguém reclamava. O humor da TV Pirata era escrachado, politicamente incorreto e absolutamente engraçado. Chavez era apenas um palerma de um cortiço que alegrava as tardes do SBT.

Nesse cenário, parece estranho imaginar que qualquer novidade demorava uns bons 10 anos para aportar aqui no Brasil.

Nesse estranho período, os anos 80, os gibis tiveram sua grande explosão. Em 1988, enquanto o mundo caminhava para grandes mudanças graças ao poder do computador pessoal, que seria popularizado na década seguinte, chegou às bancas brasileira, pela primeira vez, Watchmen.

Lembro que a minissérie publicada em 6 partes pela Editora Abril – e não em 12 como no original - causou mais furor que Batman: O Cavaleiro das Trevas (1987) de Frank Miller. A inocência e o bom mocismo dos super-heróis ocidentais tinha chegado ao fim.

Não foi difícil ficar maravilhado com a leitura daquela série. Não saber se os "aventureiros fantasiados" venceriam era incomum - exceto por Lobo Solitário e o brilhante desenho da Patrulha Estrelar. Mas afinal, os japoneses sempre foram mais sérios e trágicos.

21 anos depois de ler a história dos heróis problemáticos e de carater dúblio que pretendiam salvar o mundo, Watchmen está de volta com uma roupagem hightech. A mídia não é mais o gibi, mas o choque de sua história e sua densidade devem ser os mesmos.

Os informes do Jota dão conta de que a magia está toda ali. Eu mesmo assisti a 30 minutos do filme e fiquei impressionado. A obra de Alan Moore e Dave Gibbons parece perservada, apenas transposta para a telona.

Ainda bem, pois não há efeitos especiais que sobrevivam sem uma grande história. Basta manter a essência que a grandiosidade de um trabalho aparece, sempre.

Me senti muito sortudo por naquele longínquo 1988 ter conhecido o amadurecimento dos quadrinhos de super-heróis, exatamente no momento em que eu mesmo amadurecia.

E me sinto privilegiado agora por ter a oportunidade de ver a obra se expandir e ressurgir para un novo público que será levado a conhecê-la.

Afinal uma obra que trata de questões fundamentais não envelhece.

3 comentários:

Ricardo Quartim disse...

BRAVO! Muito bom este artigo Társis!!!
Curto e sutil,porém sintetiza todo o sentimento em torno de um período e de uma grande obra que revolucionou toda uma geração.
Ainda continuo crendo que não é nescessário gostar de Alan Moore para gostar de quadrinhos, mas os que apreciam esse autor, tem uma fonte de prazer a mais...

Anônimo disse...

Ricardão, obrigado pelas palavras.

Claro que não é nescessário gostar de Alan Moore para gostar de quadrinhos, aquilo foi uma provocação :D

Mas não escolheram Watchmen como a mais importante obra do gênero de super-heróis à toa. Espero que o filme faça uma ligação e chame a atenção da gurizada para o gibi.

De todo modo, o tempo não para. Ainda bem!!

;)

Abs!

eu disse...

eu tenho essas ediçoes bem ai de cima, e muito bem conservadas