segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

5 Perguntas para Roberto Guedes

Roberto Guedes é autor de importantes obras sobre Histórias em Quadrinhos e acaba de faturar um Troféu Bigorna por seu útlimo trabalho nesta linha, A Era de Bronze dos Super-Heróis.

Trabalhou como editor, redator e tradutor para as editoras Opera Graphica, Mythos, Escala e Panini. Foi fanzineiro e é criador do super-herói nacional Meteoro (ao lado).

No início de novembro, botou no ar seu blog, Guedes Manifesto, com “ensaios e reflexões sobre um pouco de tudo”.

Esta semana, ele responde as 5 Perguntas do Papo de Quadrinho:

Depois de tantos livros, artigos e fanzines, como surgiu a idéia do seu blog?
Desde 2005 eu vinha participando de listas de discussão no yahoo, e, mais recentemente, do fórum Gibihouse. Mas sempre foi uma coisa muito restrita a um pequeno grupo de pessoas. Com o blog, acredito ter criado um canal de comunicação com os leitores muito mais abrangente, em que posso transmitir meus conhecimentos, falar de meus projetos e interagir com maior liberdade com os fãs.

Como você avalia a atual fase dos comics americanos de super-heróis, com sucessivas mortes e renascimentos, retcons, crises e afins?
Confesso que cansei dessa ladainha. Até pode ser atraente para a nova geração de leitores, que não tem uma referência pregressa pra comparar e analisar. Mas acredito que mesmo esses leitores se cansarão bem rápido de tudo isso. Histórias repetitivas e desenhos sem personalidade. Não serei radical em afirmar que todas as histórias de Marvel e DC padeçam desse mal, mas citar um ou outro trabalho de qualidade não refresca nada. Além disso, uma andorinha não faz verão.

Você já estudou profundamente todas as "eras" dos quadrinhos. Na sua opinião, qual foi a mais significativa?
Acho que todas têm sua importância. As de Ouro e Prata são as mais significativas em termos criativos. Afinal, a primeira é o começo de tudo, e a segunda, a que trouxe de volta, e estabeleceu os super-heróis como produto editorial insuperável. A Era de Bronze não fica muito atrás, principalmente por serem aí criadas as bases do mercado para os anos seguintes.

Indique 10 histórias que todo fã de quadrinho deveria ler antes de morrer.

Putz, isso é bem complicado! Imagino que você queria saber quais são as 10 HQs de super-heróis que eu indicaria, não é? Algo bem particular, que isso fique bem claro...

1 – “The final chapter!” de Amazing Spider-Man 33 (1966). Saiu por aqui pela EBAL, Bloch, Abril. De Stan Lee e Steve Ditko. Soterrado sob toneladas de aço, o Aranha não se entrega e mostra o verdadeiro significado das palavras “heroísmo” e “superação”. Além disso, é uma grande prova de amor ao próximo. Essa história foi tão marcante pra mim, que parafraseei uma das falas do Aranha na página de dedicatória de Quando Surgem os Super-Heróis.

2 – “Como era verde o meu Duende!” e “O Aranha salva o dia!” de ASM 39 e 40 (1966). É a estréia de John Romita na série do Aranha, e quando o Duende descobre a identidade do herói e vice-versa. Essas coisas não aconteciam com muita freqüência nas HQs – ao contrário de hoje em dia. Foi um grande momento na vida do Aranha, e um choque para os leitores. Recentemente, foram reprisadas em Homem-Aranha: Grandes Desafios 3, da Panini.

3 – “A trilogia das drogas”, assim chamada as histórias entre ASM 96, 97 e 98 (1971). Stan Lee, Gil Kane e John Romita. Uma história revolucionária que tratou de um assunto delicado. O melhor amigo do Aranha torna-se um viciado, seu pior inimigo retorna sedento de vingança, e o final mais bonito de todos os tempos, com Peter e Gwen (seu único e verdadeiro amor), juntos outra vez. De que mais os leitores precisam? Recentemente, em Homem-Aranha: Grandes Desafios 4.

4 – “Este homem... este monstro!”, por Stan “The Man” Lee e Jack “The King” Kirby. Fantastic Four 51 (1966). Só saiu por aqui uma única vez (que pecado!), num gibi do Aranha da EBAL (consultem o site guia dos quadirnhos). Olha, eu poderia escrever um livro sobre esta história, que trata da inveja e da amizade entre os homens, ou da cena inesquecível de Bem Grimm na chuva... mas só vou dizer que Stan e Jack mostraram porque, enquanto dupla de criadores, foram insuperáveis.

5 – “A trilogia de Galactus”, por Stan Lee e Jack Kirby. Entre Fantastic Four 48 a 50 (1966). Até hoje, só foi republicada de maneira decente no Brasil pela EBAL, nas páginas da revista do Homem-Aranha. Preciso me estender em mais comentários sobre a saga que introduziu Surfista Prateado e Galactus ao reino dos Comics? Bah...

6 – “A marca do Coringa” de Detective Comics 476 (1976). Tanto a EBAL quanto a Abril publicaram essa formidável HQ. Na verdade, recomendo a leitura de todas as HQs do Batman escritas por Steve Englehart. Pela primeira vez, alguém teve a coragem de mostrar que Bruce Wayne não era apenas um disfarce pro Cruzado Embuçado. Batman luta com seu maior inimigo sobre um prédio em construção durante a mais violenta tempestade da história meteorológica de Gotham City, enquanto sua amada, a belíssima, e inteligente Silver St. Cloud a tudo observa, apreensiva. O final é de dar nó na garganta. Steve, seu sacana...

7 – “Nova”, de The Man Called Nova 1 (1976), e por aqui, em Super-Heróis Marvel 1 ou Almanaque Marvel 17 da RGE. Esse é o cara! Esse é o herói! “Eu posso voar... como uma estrela cadente... como um foguete humano! E tudo isso aconteceu comigo... comigo!”, Marv Wolfman e John Buscema rules!

8 – “A morte da Phenix” (ou assim conhecida) a história publicada em X-Men 137 (1980). Por aqui, saiu pela primeira vez no Grandes Heróis Marvel 7 (1985) da Editora Abril. Por Chris Claremont. Um grande momento dos quadrinhos. Bem escrito, bem desenhado. Um final comovente.

9 – “Whatever happned to the man of tomorrow?”, entre Superman 423 e Action Comics 583 (1986). Por aqui, saiu pela Abril, Opera Graphica e Panini. O escritor inglês Alan Moore conta como foi a última aventura do Superman da Era de Prata... provando que a DC Comics não havia nada de errado com Superman, e que não precisavam mexer na sua mitologia.

10 – Todas as 18 histórias da série original do Surfista Prateado escritas por Stan Lee. A Panini está lançando este mês a Biblioteca Histórica do herói com esse material.

Por onde anda o Meteoro?
Está curtindo umas “férias” forçada. Mas pretende voltar à ativa em 2009. Se Deus quiser!

Guedes está promovendo suas obras teóricas no Guedes Manifesto com descontos especiais e brindes. Confiram em: http://guedes-manifesto.blogspot.com/

6 comentários:

Anônimo disse...

Bem não tenho nenhum comentário a respeito desse post, a não ser é claro de seu blog, realmente começei a ter outra visão dos quadrinhos..Parabéns, é importante essa valorização dos GIB'S que infelizmente estão tão desmoralizados.
Akele Abraço

Marcos do SIMPLE.
http://www.ssofl.blogspot.com

Anônimo disse...

Guedão,

Parabéns pela entrevista, pelo prêmio Bigorna e pelo sucesso do blog, pois tu mereces, pelo tempo que dedicas aos quadrinhos, pelo teu conhecimento sobre o assunto e pela paixão que tens pelas HQs ... tudo isso é mais do que merecido, e que o teu blog continue, cada vez mais, nos trazendo informação de qualidade, sempre com o teu bom humor característico.

E parabéns ao Jota por trazer prá nós mais um pouco do Guedão!!

Abração.

Paulo Ricardo Abade Montenegro

Anônimo disse...

Parabéns ao Jota por conseguir "arrancar" as histórias mais marcantes do Guedes. Parabéns ao Guedes pelo Troféu e pelo sucesso do Blog.
Abração.
Andre Bufrem

Bira disse...

O Guedes é um cara supimpa mesmo!
Só ele pra lembrar de tanta coisa assim. Ele deve ter feito o mesmo curso de Memória Mnemônica que o Maluf.
HAuhauhauhuahuahahuhauhauhauh
Ótimo blog!
Parabéns!

Sandro Marcelo disse...

Sou um fã confesso do trabalho de Roberto Guedes, o nosso "Guedão" como o chamamos, esse batalhador das HQ's nacionais e pesquisador incansável das Hq's de forma geral, sempre nos brindando com histórias dos bastidores dos quadrinhos e nos mostrando o verdadeiro valor de uma hq que para alguns pode ser considerada "simples"! Parabéns, Jota, pela entrevista sensacional!

Roberto Guedes disse...

Agradeço aos chapas pelos comentários generosos, e ao Jota, claro, pela oportunidade que me deu para falar de algumas HQs que gosto muito.